terça-feira, abril 08, 2008

DOENÇA DE CROHN


A doença de Crohn é uma doença inflamatória crónica do intestino de causa desconhecida.
O processo inflamatório pode atingir qualquer parte do aparelho digestivo. As localizações electivas são a parte terminal do intestino delgado (íleo) e o intestino grosso (cólon). A inflamação atinge, geralmente, toda a espessura da parede intestinal e provoca úlceras (feridas) do seu revestimento interior.

Um dos sintomas mais frequentes é a dor abdominal, que é, geralmente, sentida à volta do
umbigo ou do lado direito, frequentemente, depois das refeições.
A diarreia é outra manifestação clínica da doença, podendo as dejecções conter sangue e provocar
anemia. A perda do apetite e o emagrecimento são frequentes e podem provocar nas crianças atraso no crescimento.
Na fase aguda podem, também, aparecer febre, dores articulares e, em alguns casos,doença perianal (abcessos).
A susceptibilidade à doença é determinada por factores genéticos. Com efeito, cerca de 10% dos
doentes têm outro familiar próximo com a mesma doença. Alguns factores do ambiente, tais como hábitos alimentares, consumo de tabaco e estilo de vida, podem ter importância causal.
Pensa-se que a interacção de elementos estranhos (antigénios, bactérias ou vírus) com o sistema
imunológico, responsável pela defesa do organismo, pode causar o aparecimento e manutenção da lesão intestinal.
A tensão emocional pode, também, influenciar o curso da doença, desencadeando ou agravando as crises.
Verifica-se, portanto, a interacção de diversos factores na causa da doença.

Além da história clínica e do exame físico, os doentes são submetidos a exames laboratoriais (análises clínicas), a algumas técnicas de imagem (RX, endoscopia, ecografia, TAC, ressonância magnética) e, por vezes, à colheita de fragmentos de tecido intestinal para exame microscópico (biopsias, peça cirúrgica). A observação do interior do cólon, através de um tubo flexível (sigmoidoscópio ou colonoscópio) permite avaliar a actividade e a extensão da inflamação.
As radiografias com bário, tanto do cólon (clister opaco) como da parte alta do aparelho digestivo (RX intestino delgado) permitem verificar anormalidades na parede intestinal, tais como úlceras e apertos (estenoses). A TAC e ressonância magnética são úteis no diagnóstico de complicações, particularmente, fístulas e abcessos.
A cápsula endoscópica usada com alguns cuidados poderá também ser útil.

A complicação mais frequente é a oclusão intestinal. A dificuldade na progressão do conteúdo intestinal é consequência do espessamento da parede intestinal provocado pela inflamação. As úlceras quando profundas podem atingir toda a espessura da parede intestinal e estabelecer uma comunicação em túnel (fístula) com segmentos adjacentes do intestino ou com outros órgãos vizinhos (bexiga, vagina, pele).
Estas fístulas originam por vezes a formação de áreas infectadas com pus (abcessos). Estas complicações surgem por vezes na vizinhança do ânus.
A doença de Crohn é uma doença sistémica, pelo que podem ocorrer complicações extra-intestinais, nomeadamente nas articulações, pele, boca, olhos, fígado e canais biliares. A formação de cálculos renais e biliares é,também,frequente. O risco de malignidade não é significativo na maioria dos doentes.
Na generalidade das mulheres a gravidez decorre sem complicações. No entanto, recomenda-se que a concepção ocorra em fase de remissão clínica.

A maioria dos doentes pode e deve fazer uma alimentação normal, portanto, sem restrições dietéticas. Na doença activa, uma dieta com pouca fibra pode ser benéfica no controlo da diarreia e da dor abdominal.
Alguns doentes devem evitar o leite, uma vez que, não conseguem digerir correctamente o açúcar presente no leite (lactose), porque lhes falta no intestino delgado uma enzima específica.
Uma dieta com poucos resíduos ou mesmo líquida, pode ser, temporariamente, necessária nos doentes com estreitamentos no intestino delgado.
Nos doentes com má-absorção pode ser necessário administrar vitaminas e sais minerais. A vitamina B12 é absorvida no íleo terminal, pelo que é necessário a sua administração, por via intramuscular, nos doentes com ileíte ou submetidos a ressecção cirúrgica.
Os principais medicamentos usados para reduzir a inflamação são a mesalazina e os corticosteróides (prednisolona, budesonida). Os corticosteróides são utilizados na fase aguda quando os sintomas são mais severos.
Nas formas refractárias ao tratamento e na doença complicada com fístulas utilizam-se medicamentos imunossupressores (azatioprina, metotrexato) e terapêuticas biológicas (infliximab). Os antibióticos (metronidazol e ciprofloxacina) são úteis no tratamento das complicações perianais.

A cirurgia é necessária quando o tratamento médico é incapaz de controlar os sintomas ou quando há uma complicação (obstrução intestinal, perfuração, abcesso ou hemorragia). O tratamento cirúrgico não cura a doença, mas melhora a qualidade de vida, na maioria dos doentes. Os procedimentos mais frequentes são a drenagem de abcesso ou remoção (ressecção) do segmento de intestino doente com ligação dos topos de secção (anastomose).
A terapêutica médica pode atrasar o reaparecimento da doença. Verifica-se uma maior tendência de recorrência nos fumadores, pelo que os doentes com doença de Crohn devem parar de fumar.
Informação da Sociedade Portuguesa de Gastrentorologia

7 comentários:

Anónimo disse...

"Verifica-se uma maior tendência de recorrência nos fumadores, pelo que os doentes com doença de Crohn devem parar de fumar."

Eu sei que existem inumeros outros factores, mas se calhar esta na altura de abandonar os cigarinhos, sendo que eu devia de fazer o mesmo não é.......
CH

Sandra Sousa disse...

Sem duvida... mas deixa lá que, neste momento, essa prática tem sido quase impossível, não é muito fácil fugir com um carrinho carregado de soro e medicamentos até à porta mais próxima...

Anónimo disse...

O ser humano é um ser inteligente
Vencer ou minimizar as adversidades é um acto de inteligência.
Inteligência é coisa que não lhe falta …..portanto…..há que saber viver com o que se tem.

Se pensar em fugir com o carrinho… avise … nunca se sabe se poderá atropelar alguém.
“Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém” assim dizia a minha avó.

Cumprimentos

alga marinha disse...

Uma grande beijoca e votos de melhoras...
Temos de combinar o "tea"...

Anónimo disse...

gostei da forma como abordou a dça.parabens.

Anónimo disse...

Tem que se saber viver com ela,se
amoldar a ela.tenho Crohn a 35 anos.fumava e bebia.

Sandra Sousa disse...

é sem duvida uma aprendizagem... principalmente em fases de crises agudas incontroláveis... o segredo é mm ir convivendo com elas e continuar sempre para a frente, com o espirito do "Pode ser fácil".