domingo, agosto 13, 2006




ANTES E DEPOIS

O que poderia ter sido uma estadia fantástica por terras alentejanas transformou-se numa cena de pânico, aflição e sobrevivência.

O sítio é fantástico (recomendável), as pessoas rapidamente pareciam familiares de tão à-vontade nos colocaram, ou seja, tudo para se passar quatro dias de "papo para o ar" a aproveitar o ar da serra, a gastronomia alentejana e o sossego.

No segundo dia uma nuvem de fumo no horizonte deixou-nos um pouco preocupadas, mas a intervenção imediata dos bombeiros e dos meios de aviação permitiu-nos usufruir da piscina de água salgada... A noite foi passada de prevenção, numa esplanada improvisada onde o convívio entre proprietários e clientes não faltou.

O ser humano realmente habitua-se aos mais insólitos ambientes e portanto as férias não pareciam totalmente estragadas pelo ambiente de perigo que nos rondava.

Na terceira, e ultima noite tudo parecia calmíssimo quando voltámos de uma visita a Monsaraz e de um jantar muito agradável em Reguengos... A esplanada improvisada lá se mantinha, alguns clientes já se tinham retirado para seus quartos e outros estavam para chegar. Ficámos no convívio até serem horas de irmos ver as nossas séries de eleição na televisão.

Antes de nos deitarmos ainda fomos aproveitar a luz da lua e o descanso do fogo, na esplanada de nossa casa e nessa noite pensámos poder dormir em sossego, sem ser necessário ficar com as cortinas abertas não fosse o fogo chegar rápido... Infelizmente este sentimento durou pouco, pois uma hora depois tinhamos o senhor Vitor a bater à porta "Acordem, façam as malas... Fogo".

A cortina abriu-se de imediato e lá estava ele, junto à casa a varrer tudo com uma velocidade terrível.

Nunca me tinha passado pela cabeça conseguir fazer a mala, não me esquecer de nada, vestir-me e sair porta fora em menos de cinco minutos. Já um GNR estava aos gritos que os carros tinham de sair do acesso e vários carros dos bombeiros entravam pela herdade.

Carro carregado e era hora de ajudar a minimizar os estragos, tudo o que fosse inflamável para dentro da piscina e pouco mais pudemos fazer pois tinhamos mesmo de sair com o carro do recinto.

Restou-nos ficar a ver na estrada principal aquela mancha laranja a avançar e tentar respirar pois em algumas alturas o ar estava a tornar-se irrespirável.

Felizmente a casa não foi atingida, o ar mudou a direcção do vento. Infelizmente não foi extinto e continuou em direcção da Aldeia da Serra...

Chegada a hora da partida a preocupação mantinha-se e a vista que anteriormente era verde e pacifica tinha-se transformado num manto negro.

Já em casa ainda dou por mim a ouvir aquele crepitar e a desejar que nada daquilo tivesse ardido.

Foi com muita tristeza que vi mais um sítio lindo destruido!

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